Compartilhe a notícia:

Governo de Alagoas entrega prêmio Tia Marcelina de 2o21 para a arte de Dona Irineia

Dona Irineia é uma artesã alagoana que nasceu no povoado de Muquém – comunidade quilombola próxima à serra da barriga – de 74 anos, mas, se dedica à arte em cerâmica desde os 42. Desde então, ela descobriu sua paixão moldando figuras humanas, cabeças, pés, vasos, panelas e outras formas através do barro pisoteado, amassado, moldado e queimado. Sendo assim, Dona Irinéia encontrou sua maneira de contar histórias de lutas, conquistas e dificuldades vivenciadas pelo seu povo e por ela mesma.

Dona Irinéia aprendeu a moldar com sua mãe e repassou a tradição e as técnicas da arte com cerâmica para seus 11 filhos. Atualmente, por conta da idade avançada, eles ajudam a Mestre na produção das peças. Porém, apesar das dificuldades impostas pela alta vivência, a ceramista diz que não pretende parar em breve, como afirma a artesã:

“Não venho bem de saúde, mas venho trabalhando devagarzinho, no empurrãozinho. Eu não tenho vontade de parar agora não…”

Reconhecida como Patrimônio Vivo de Alagoas desde 2005 e uma das artesãs mais conhecidas de todo o país, Dona Irinéia assinará o troféu da quinta edição do Prêmio Tia Marcelina, realizado pelo Governo de Alagoas, por meio pela Secretaria de Estado da Mulher e dos Direitos Humanos (Semudh), em parceria com o Conselho Estadual de Promoção da Igualdade Racial (Conepir) e que acontecerá nesta terça-feira (23), às 18h, no Hotel e Resort Jatiúca.

O prêmio, que terá o contorno artístico marcado pela obra de Dona Irinéia, foi criada em homenagem à Tia Marcelina, uma ex-escrava africana de Janga, Angola, e descendente do Quilombo dos Palmares e de família real africana. Junto a Manoel Gelejú, Mestre Roque, Mestre Aurélio e outros, fundaram os primeiros Xangôs do Brasil, no bairro de Bebedouro, em Maceió. Ela morreu durante o “Quebra de Xangô”, movimento que perseguiu e torturou em 1912 representantes das religiões de matrizes africanas.

Sendo assim, professores, pesquisadores, jornalistas, ativistas, líderes quilombolas, líderes de religiões de matriz africana e instituições são alguns dos que compõem o seleto grupo de premiados nas edições anteriores, visto que a solenidade acontece em alusão ao mês da Consciência Negra.

Apesar de toda a representatividade e importância que seu nome carrega, Dona Irinéia fez questão de expor a sua gratidão ao ver seu talento ser lembrado para ilustrar o aspecto mais importante da solenidade:

“Eu me sinto muito agradecida e orgulhosa de participar desse prêmio. Quando alguém me convida para qualquer lição dentro do meu serviço, eu faço de tudo para participar.”

A secretária de Estado da Mulher e dos Direitos Humanos, Maria Silva, explica que a escolha da Mestre reflete tudo o que o Prêmio representa:

 “É uma cerimônia de reconhecimento daqueles que enriquecem a nossa história e a história do Estado de Alagoas através de ações diversas, sejam no campo acadêmico, na cultura, nas políticas públicas, entre outras. É hora de agradecer e retribuir o talento compartilhado e, no mesmo passo, valorizar as nossas raízes.”