Artes de artesãos alagoanos serão protagonistas em exposição que ocorrerá em Miami
Nascido e criado no povoado de Monte Santo, no município de Belo Monte, em Alagoas, Jasson Gonçalves da Silva retira das histórias interioranas, da natureza, das estradas de barro e do Rio São Francisco, que margeia a região, substância para sua arte.
Aos 67 anos, o artesão é um dos destaques da exposição “Alagoas – The Brazilian Artisanal Soul”, que participa da Semana de Arte e Design de Miami, na Galeria Pinta Miami.
Além de Jasson, mestre entalhador de madeira que já teve peças expostas em Milão, cinco mestres alagoanos e mais sete artesãos terão obras expostas no circuito oficial do festival global de arte e design, de 1 a 5 de dezembro.
Participarão da exposição o Mestre Aberaldo, Mestre André da Marinheira, Mestre Chico Cigano, Mestra Irineia e Mestra Sil. Além deles, também estarão presentes os artesãos Adriana Siqueira, Boró Sandes, Cláudio de Capela, Clemilton, Ismael de Dedé, Jasson, Lucas Lessa e Zé Crente.
A exposição tenta traduzir a alma artesanal brasileira e tem curadoria de Rodrigo Ambrósio, artista e pesquisador, além de Marcos Aurélio Pulchério, curador e galerista.
Diante disso, Seu Jasson sua experiência de vida e de trabalho duro:
“Eu já fiz muita coisa nessa vida. Trabalhava com argila, barro e gesso antes de pegar na madeira. Primeiro eu fazia a forma do gesso, e da forma fazia a peça. A mudança do barro para a madeira veio através de Maria Amélia, que apareceu de surpresa por aqui, sem eu esperar nem nada, e me desafiou à mudança. Eu fiz um cavalo de boneco, ela gostou e dei continuidade a essa nova fase. Tem dado certo até hoje.”
Essa história, em particular, aconteceu em 2015 e provavelmente Jasson não esperava que sua arte fosse rodar o mundo, mas foi exatamente isso que aconteceu. Ele ganhou admiradores. Design Weekend, MADE, Festival Artesol e Semana de Design de Milão são alguns dos eventos importantíssimos que suas criações estiveram presentes, impressionando a todos, sendo cobiçadas e vendidas e – talvez o ponto mais importante – transformando sua vida para melhor.
Sendo assim, timbaúba, algarobeira, imburana… A matéria-prima varia, mas a assinatura está ali: os animais coloridos, as flores e frutas típicas da região, os personagens místicos, míticos e únicos:
“Eu gosto de começar a botar a mão na massa antes de o sol nascer. Trabalho pela manhã porque adianto o serviço. É mais gostoso e tranquilo do que começar tarde. Isso é muito importante para o trabalho que eu faço.”