Alagoas realiza o terceiro transplante de fígado em adolescente de 16 anos
Na tarde da última quinta-feira, 2 de dezembro, um adolescente de apenas 16 anos necessitou passar por uma cirurgia de 18 horas na Santa Casa de Maceió. Felizmente, a cirurgia foi bem sucedida.
O garoto recebeu um fígado captado da Paraíba, o terceiro transplante de fígado realizado em Alagoas desde o credenciamento do Estado para realização desse tipo de procedimento, em abril de 2020.
O paciente sofria de cirrose criptogênica, termo usado para cirrose de etiologia desconhecida. Atualmente, ele encontra-se na Unidade de Terapia Intensiva (UTI), foi extubado e o fígado está fluindo bem. O doador era um jovem de 21 anos de idade, vítima de um acidente na Paraíba. A cirurgia de alta complexidade, financiada pelo Sistema Único de Saúde (SUS), terminou sem intercorrências e foi coordenada pelo médico Oscar Ferro, que atuou com os médicos Fábio Mourão, Felipe Augusto, Leonardo Soltinho, Amanda Lyra, Larissa Borges, Cira Queiroz, além da equipe da UTI e da Enfermagem.
Diante da sua condição, o respectivo paciente se inscreveu na lista de transplantes no dia 5 de julho deste ano e quase cinco meses depois conseguiu realizar o procedimento na Santa Casa de Maceió, hospital credenciado pelo Ministério da Saúde (MS).
Vale ressaltar que essa lista de transplantes é única, tem ordem cronológica de inscrição e os receptores são selecionados para receber os órgãos em função da gravidade ou compatibilidade sanguínea e genética com o doador.
Diante disso, Daniela Ramos, coordenadora da Central de Transplantes de Alagoas, agradeceu a todos os envolvidos nesse processo:
“Nós estamos muito felizes e agradecidos a Deus e à família doadora por esse momento ter se concretizado. Há também um sentimento de muita gratidão por todos os profissionais que se envolvem nesse processo. E tudo isso foi possível graças à união de vários esforços e sempre com o apoio do nosso gestor maior, que é o nosso secretário de Saúde, Alexandre Ayres.”
Ademais, Ramos ressalta que em situações envolvendo a captação do órgão, a cirurgias e procedimentos envolvidos devem ser realizados de maneira muito ágil:
“Nós aqui da Central de Transplantes do Estado somos responsáveis por organizar e agilizar toda essa logística junto à Coordenação Nacional de Transplantes do Ministério da Saúde. Tivemos a parceria da FAB [Força Aérea Brasileira] que veio aqui no nosso Estado e que levou a nossa equipe de captação. Nós temos uma equipe de captação à disposição. Então, sempre que há uma doação autorizada, essa equipe está disponível para realizar essa captação. E, dessa vez, foi uma captação fora do Estado.”
Ainda na quinta-feira (3), no período da manhã, o secretário de Estado da Saúde, Alexandre Ayres, decretou o início da cirurgia e pediu orações para o garoto:
“Estamos realizando o 3º transplante de fígado da história de Alagoas, todos este ano! Desta vez, o paciente tem somente 16 anos e vinha sofrendo muito com problemas hepáticos. A nossa equipe de profissionais, em parceria com a Santa Casa de Maceió, está lutando pela vida dele”, disse Ayres, acrescentando que, “graças a Alagoas ter sido habilitado para a realização do transplante de fígado, os alagoanos não precisam mais se deslocar para outros estados em busca do procedimento.”
Dessa maneira, é importante relembrar que nos casos de transplantes de órgãos o doador vivo pode doar um rim, medula óssea, parte do fígado (em torno de 70%) e parte do pulmão (em situações excepcionais). Já um único doador falecido pode salvar mais de oito vidas, podendo doar coração, pulmão, fígado, os rins, pâncreas, córneas, intestino, pele, ossos e válvulas cardíacas.
No Brasil, para doar um órgão basta comunicar à família sobre o desejo de ser doador para que a família possa autorizar posteriormente. Mas a recusa familiar ainda é alta e se torna um dos principais motivos para que um órgão no Brasil não seja doado: mais de 43% das famílias recusaram a doação de órgãos de seus parentes após morte encefálica comprovada, em 2020, segundo dados da ABTO. Em Alagoas esse número está em 40%.
Importante ressaltar que, no Brasil, anualmente, em média, 12 mil pessoas apresentam morte cerebral, um dos critérios para a doação de órgãos. Desse número, aproximadamente 6 mil pessoas poderiam ser doadoras de órgãos. Por outro lado, em média 23.800 pessoas têm a necessidade de receber um transplante a cada ano. Portanto, a chance de que alguém seja doador de órgãos é quatro vezes menor do que a chance de que venha a precisar de um transplante.
Segundo o Ministério da Saúde (MS) do total de transplantes realizados no País, 96% são feitos pelo Sistema Único de Saúde (SUS).