Programa Mais Merenda modifica realidade alimentícia das escolas públicas de Alagoas
De educação alimentar e nutricional, passando por testes de aceitabilidade à palestras on-line sobre ultraprocessados, o Programa Mais Merenda, promovido pelo Governo de Alagoas, por meio da secretaria de Estado da Educação (Seduc), vai muito além do que apenas triplicar o valor da aquisição de alimentos das unidades estaduais de ensino regular. Ele desenvolve uma série de ações voltadas à conscientização, ao menor desperdício de alimentos e promove debates sobre alimentação saudável com alunos, gestores, merendeiras e, pela primeira vez, cantineiros.
O Projeto Piloto de Educação Nutricional, iniciado no segundo semestre deste ano, chegou às escolas estaduais de Maceió, Prof. Eduardo Mota Trigueiros, no Poço, e Mário Broad, na Jatiúca. A ação tem atendido cerca de mil alunos, impactando diretamente a relação deles com os alimentos. Entender o porquê de consumir frutas e vegetais ao invés de produtos ultraprocessados é um dos conhecimentos passados durante palestras dinâmicas realizadas pelos estagiários do curso de nutrição da Estágio, instituição de ensino superior parceira da Seduc.
Diante disso, a supervisora de projetos do Núcleo de Nutrição Escolar da SEDUC, Raquel Vasconcelos:
“Com a alimentação mais rica nutricionalmente junto às ações de educação alimentar e nutricional, o aprendizado e o rendimento dos estudantes são melhorados. Além de se alimentar melhor nas escolas, eles aprendem a montar pratos saudáveis com base na pirâmide alimentar. Por meio dessa iniciativa, também descobrimos o peso e altura dos estudantes dessas unidades escolares, informações fundamentais para construção de estratégias para o cardápio de 2022 e, para avaliar se algumas preparações estão sendo bem aceitas, eles participaram do teste de aceitabilidade em um formato inovador: as sobras dos pratos que nos apontavam se a comida estava boa ou não.”
Vale ressaltar que a adolescência é um momento de descoberta e transformações, por isso é comum se preocupar tanto com a sua alimentação quanto com a forma do corpo, e, diante disso, Thaís Ferreira de Araújo, 15 anos, aluna do 9º ano da Escola Estadual Mário Broad, conta que esse ano não foi diferente, a preocupação veio e o projeto a ajudou a repensar seus hábitos, assim como a instruiu para uma alimentação mais saudável e consciente:
“No começo do ano passei a me preocupar com a minha alimentação. Eu me olhava no espelho e não me reconhecia, sabe? Graças às ações de nutrição, descobri minha altura e peso, passei a beber mais água e me alimentar melhor. Também consegui me autoconhecer a partir das dinâmicas que participei; a que mais me deixou surpresa foi descobrir a quantidade de açúcar que tem nos refrigerantes. Eu costumava tomar muito, mas, esse ano, decidi que não vou mais consumir.”
A importância dessa iniciativa é reconhecida também pelas merendeiras da escola. Vânia Mendes de Lima e Ivana dos Santos Lemos trabalham na Mário Broad há, respectivamente, 17 e 20 anos e contam que a presença dos estagiários de nutrição tem feito muito bem aos alunos. O cardápio elaborado pela secretaria tem sido elogiado pelo alunado e as frutas são as queridinhas deles.
Durante esse ano letivo, elas, assim como todas as merendeiras da rede e os gestores, receberam capacitações on-line sobre como manipular os alimentos de maneira segura no retorno às aulas presenciais. Além disso, puderam participar, juntamente com os cantineiros, de uma live explicativa do porquê o Pnae (Programa Nacional de Nutrição Escolar) restringir o acesso a comidas altamente processadas. A intenção da secretaria é trazer todos os atores envolvidos com alimentação escolar para trabalhar no mesmo sentido: ofertar refeições nutritivas aos nossos alunos.