A Supervisão de Cuidados à Pessoa com Deficiência (Suped) da Secretaria de Estado da Saúde (Sesau) promoveu, no Centro de Gastronomia do Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial (Senac), em Maceió, a II Oficina Culinária para Responsáveis por Pessoas com Transtorno de Espectro Autista. A iniciativa fez parte do conjunto de ações executadas pela pasta da saúde, em alusão ao Dia Mundial de Conscientização do Autismo, celebrado no dia 2 de abril, data instituída pela Organização das Nações Unidas (ONU) para a causa.
Além de pais e responsáveis legais, a oficina contou também com a participação de profissionais das áreas da saúde e educação que lidam diretamente com crianças, jovens e adultos diagnosticados com o Transtorno do Espectro Autista. O objetivo foi orientá-los sobre a preparação de alimentos para quem tem essa condição, assegurando qualidade de vida no cotidiano.
A assessora técnica da Suped, Alicya Teotônio, destacou que a oficina buscou elevar a experiência alimentar de pessoas com o transtorno. “Como sabemos, as pessoas com Transtorno do Espectro Autista têm seletividade alimentar e, por isso, buscamos uma parceria com o Senac para oferecer a oficina. Nosso objetivo é melhorar a qualidade de vida para quem tem autismo e, com certeza, os participantes saíram mais munidos de conhecimento para cuidar de quem possui esse quadro”, disse.
Constatação
A aposentada Ana Lúcia é mãe de uma jovem com Transtorno do Espectro Autista e relatou as dificuldades enfrentadas para alimentar sua filha. “Minha filha tem dificuldade com a textura e o cheiro de algumas comidas, e, durante a oficina, aprendemos a modificar os alimentos e, deste modo, fazermos com que eles tenham uma aceitação maior e, consequentemente, se alimentem melhor. No começo foi bem difícil para entender a condição dela, mas oficinas como essa ajudam bastante. Foi uma experiência muito proveitosa”, afirmou.
A gastrônoma Polianny Gusmão ministrou a oficina e ressaltou a importância de levar conhecimento para responsáveis por pessoas com o Transtorno do Espectro Autista. “A dificuldade alimentar de pessoas autistas é muito grande. Muitas vezes a gente pensa que é algo fácil, mas não é. Na oficina, nós desenvolvemos receitas que podem ser adaptadas para esse público e para que, consequentemente, possam ter uma qualidade alimentar melhor e uma saúde plena”, explicou.
Polianny Gusmão também frisou que não existem alimentos específicos que podem ser rejeitados por pessoas com Transtorno do Espectro Autista. Tudo varia de acordo com cada indivíduo.
“Recentemente, atendemos o caso de uma criança que só comia alimentos que fossem apresentados em forma de círculo. Nós orientamos a mãe a servir porções das comidas no formato redondo para a filha. Já outra criança não consumia nada que tivesse líquido junto. É preciso avaliar cada caso para buscar a melhor estratégia alimentar”, pontuou a gastrônoma.
A analista do Centro de Educação Profissional de Gastronomia e Turismo do Senac, Sandra Lyra, afirmou que a instituição abraçou a iniciativa por acreditar que ela pode melhorar a vida das pessoas.
“Quando a Sesau nos procurou para realizarmos essa oficina, nós logo abraçamos a ideia, por achar muito relevante e inclusiva. Os ensinamentos foram repassados por uma profissional capacitada na área, assegurando que a experiência seja rica para as participantes”, disse.