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COP26: Brasil assina acordo para contribuir com a redução dos efeitos climáticos.

Numa guinada em seus compromissos ambientais, o Brasil decidiu assinar um importante acordo sobre proteção de florestas, o qual será anunciado na COP26, a conferência das Nações Unidas sobre mudanças climáticas, encontro que ocorre entre os dias 31 de outubro a 12 de novembro.

Os líderes de mais de cem países irão se reunir em Glasgow, na Escócia, para discutir novos compromissos que visam garantir a meta do Acordo de Paris, que consiste em manter o aumento da temperatura média da Terra em 1,5°C.

Nesse espectro, é notório que o Brasil tende a ser alvo de pressões por causa da aceleração do desmatamento desde que Jair Bolsonaro assumiu a Presidência.

Dessa forma, quatro áreas ambientais serão abordadas: proteção de florestas, transição para carro elétrico, financiamento de países ricos a nações em desenvolvimento e eliminação do uso de combustíveis fósseis.

O acordo sobre manutenção das florestas é tido como um dos mais importantes e a participação do Brasil, onde fica a maior parte da Amazônia, ainda era incerta. Mas, o governo decidiu assinar o compromisso, o que indica um sinal de mudança no discurso internacional do governo sobre política ambiental.

Sendo assim, segundo o embaixador responsável por chefiar as negociações da COP26 pelo Estado brasileiro, Carvalho Neto:
“O Brasil assinará o Forest Deal (acordo florestal). Estamos satisfeitos com o resultado final. Isto demonstra mais uma vez a nova postura brasileira de compromisso com os temas de desenvolvimento sustentável e, especificamente sobre mudança do clima. O Brasil tem a expectativa que as maiores economias mundiais farão a sua parte também, em especial na redução ao uso de energias fósseis, causa principal do aquecimento global”
A participação brasileira, por causa da relevância da Amazônia para o equilíbrio climático, é considerada crucial, como afirma Ana Yang, diretora-executiva de sustentabilidade de uma das mais conhecidas instituições de pesquisas do Reino Unido, Chatham House:
“A Amazônia brasileira representa mais de 60% do total da floresta e o Brasil é um dos maiores produtores de commodities, como soja e gado. Então, a presença do Brasil é crucial para o sucesso na implementação do acordo.  Acho que o atual Governo Federal está começando a mostrar alguns sinais de ação de conservação. Muitos dos governadores da região Amazônia têm ambições altas e o sinal que o Brasil dá assinando o acordo é muito importante. Mas é preciso ir além. O acordo só será possível de ser implementado se o setor privado, Governo Federal, governadores e produtores aderirem à iniciativa.”
Ademais, o Brasil vai ser responsável por reduzir as emissões de gases do efeito estufa em 37% até 2025,COP26: o que Brasil vai prometer e exigir na conferência sobre o clima em 43% até 2030 e vai oficializar o objetivo de antecipar em 10 anos, de 2060 para 2050, a neutralidade de carbono no país – quando todas as emissões são reduzidas ao máximo e as restantes são compensadas, por exemplo, com tecnologia de captura de carbono da atmosfera.
Por outro lado, o Brasil não vai ceder às pressões para aderir ao grupo de 60 países que se comprometem a reduzir as emissões de gás metano de 2020 em 30% até 2030. A meta comprometeria a produção agropecuária do Brasil: 27% das emissões causadas pela atividade humana vêm da pecuária bovina e 9%, do cultivo de arroz irrigado, pois, na visão do governo brasileiro, é uma meta vaga, já que os países não se comprometem individualmente com ela. Além disso, não há metas para outros gases específicos, como o dióxido de carbono, emitido predominantemente pelo uso de combustíveis fósseis nos países desenvolvidos.
Com a adesão ao acordo, o Brasil estará se comprometendo a princípios que batem de frente com propostas em tramitação no Congresso Nacional, uma vez que até então eram defendidas pelo Governo Federal, sendo espelhos disso a legalização de terras públicas desmatadas para agricultura e liberação de mineração em territórios indígenas.