A estudante Ranikele Ferreira, da Escola Estadual José Aprígio Vilela, de Teotônio Vilela, vai representar Alagoas na edição do Parlamento Jovem Brasileiro (PJB), programa da Câmara dos Deputados que permite a estudantes do ensino médio vivenciar a experiência de um deputado federal. Ranikele e os demais “deputados jovens” embarcam nesta segunda-feira (4) para Brasília onde permanecem até sexta-feira (8).
Ranikele e mais três estudantes da rede estadual foram finalistas da etapa estadual do programa. Em Brasília, ela vai apresentar projeto sobre os desafios enfrentados pelos jovens que conciliam o trabalho com o estudo, propondo um incentivo financeiro para estes estudantes por meio da ampliação, por parte do Governo Federal, do Cartão Escola 10, programa do Governo de Alagoas que oferece benefícios financeiros para os estudantes do Ensino Médio a fim de combater a evasão escolar.
A aluna destaca que a ideia surgiu pelo fato de estudar no turno noturno e observar a rotina cansativa dos colegas de classe, que se dividem entre as demandas do trabalho e as atividades da escola. “Atualmente, eu estou estudando no turno noturno porque precisei cuidar de minha mãe, mas a maioria das pessoas estudam nesse horário porque precisam trabalhar durante o dia, ou melhor, precisam de dinheiro para ajudar em casa. Por isso, resolvi falar sobre essa realidade no meu projeto”, diz ela.
Olhar diferenciado
Com o tema A educação que queremos, a alagoana propõe um olhar diferenciado para o estudante do turno noturno, o que inclui, além da ampliação do Cartão Escola 10, a parceria entre o poder executivo e empresas privadas para implementar estágios remunerados, priorizando os estudantes que estudam à noite. “Com os estágios, eles trabalhariam menos, no máximo 6 horas por dia, e teriam mais tempo para se dedicar a escola. Outra coisa que sugeri, é a dedicação exclusiva, algo já implementado nos Institutos Federais, porque só assim pode ser feito um ensino-aprendizagem mais centrado”, detalha ainda a estudante.
Orientadora de Ranikele, a professora Elislane Goes esteve presente em todas as etapas da seleção. Ela afirma que a ida de Ranikele ao Parlamento é resultado de uma longa trajetória de dedicação e empenho da estudante. “Ela demonstra muito apreço pela educação e vê nos seus colegas potencialidades que podem ser melhor aproveitadas com o apoio das políticas públicas. Considero importante, sobretudo, o fato de ser uma aluna que estuda no turno noturno, que, no geral, compõe um público que sofre com estereótipos negativos e carece de visibilidade”, afirma.
A estudante também foi auxiliada pelo seu professor mentor, além de participar de uma formação para aprender a fazer escutas no seu município e levantar possíveis problemas e sugestões de melhorias nas políticas públicas.
Ranikele Ferreira pretende agora terminar o ensino médio e concorrer às vagas da Universidade Federal de Alagoas (Ufal) para cursar Psicologia. “Meu sonho é estudar Psicologia na Ufal, e assim, oferecer melhores condições de vida para a minha família. Também pretendo continuar sendo uma cidadã ativa e participar da política”, ressalta ela.
Orgulho da comunidade
Para a diretora Valquíria Batista, a estudante é motivo de orgulho para toda a comunidade escolar e saberá representar bem a rede estadual de ensino. “Para nós é motivo de orgulho chegar à final do Parlamento Jovem Brasileiro com dois grandes projetos, um da aluna Ranikele e outro da estudante Adriele. Tenho certeza de que ela saberá representar bem Alagoas e a rede estadual de ensino, porque tudo isso é fruto de muita dedicação dela, da orientadora e de todos que compõem a comunidade escolar”, observa.
Segundo Leandro Lima, coordenador do programa na Seduc, o Parlamento Jovem é uma experiência que possibilita a vivência cidadã para a estudante, com o protagonismo juvenil e o despertar para se tornar um agente político.
“Colocamos o aluno para experienciar o protagonismo juvenil. Além disso, o estudante tem a possibilidade de conhecer o processo legislativo, despertando o interesse para, quem sabe, tornar-se um agente político no futuro. Além disso, a seleção para o programa se dá por meio de redações, com acompanhamento de professores, auxiliando também na preparação para as redações do Enem”, destaca.
O coordenador também viaja para Brasília para participar da visita da aluna, que será acompanhada ainda pela orientadora Elislane Goes. “Vamos participar da vivência e discutir com representantes de outros estados melhorias para as próximas edições”, explica.